Explore os 7 pilares da gestão em saúde: eficácia, eficiência, equidade e mais, impulsionando a excelência nos serviços de saúde.
O médico Avedis Donabedian é considerado um dos precursores da qualidade na Saúde. Foi ele quem criou os sete pilares da qualidade que a gestão em Saúde deve ficar atenta de modo a garantir a excelência dos serviços prestados ao paciente:
- Eficácia;
- Efetividade;
- Eficiência;
- Otimização;
- Aceitabilidade;
- Legitimidade;
- Equidade.
O que é gestão em saúde?
A gestão em saúde é o conjunto de práticas que organizam e administram todas as atividades de uma instituição de assistência à saúde, seja pública ou privada. Esse processo abrange o controle e gerenciamento de recursos financeiros, humanos, sanitários, tecnológicos e logísticos.
A gestão em saúde visa coordenar processos e garantir que as demandas internas e externas sejam atendidas com segurança e qualidade. Para isso, é necessário levantar as necessidades da instituição, mapear fragilidades e planejar soluções efetivas.
A eficiência dessa gestão é fundamental para assegurar um serviço de saúde eficaz e responsivo às necessidades da população.
A gestão em saúde, em sua busca incessante por excelência, encontra nos sete pilares da qualidade, idealizados pelo renomado doutor Donabedian, um guia essencial. A contribuição desse médico pioneiro é fundamental para melhorar os processos internos e elevar o padrão de serviços prestados aos pacientes.
A adoção desses passos em sua plenitude requer mudanças na cultura organizacional e uma repaginação dos processos internos da instituição, ações que costumam ter um alto custo financeiro e de tempo. Por isso, é cada vez mais frequente o uso da tecnologia para uma melhor gestão da qualidade na Saúde.
“Cada vez mais centros de atendimento e serviços de Saúde, independentemente de serem grandes centros hospitalares ou pequenos prestadores de serviço, têm buscado acreditações. E a prerrogativa para conquistá-las é a qualidade da assistência. Para mim, essa é uma ótima notícia, pois penso que a qualidade é uma premissa básica na área da Saúde, todos precisam ofertá-la”, avalia Leandro Lazzareschi, coordenador do curso de MBA em qualidade e segurança do paciente nas organizações de Saúde no Centro Universitário São Camilo.
O especialista garante que a gestão em Saúde deve estar atenta ao gerenciamento de processos internos, uma medida que se tornou ainda mais fundamental durante a pandemia:
“Todos os serviços de Saúde estão revendo seus processos e, assim, a qualidade da assistência, que já era boa, vai melhorar ainda mais.”
Na visão do especialista, as próprias metodologias de acreditação devem aprimorar a avaliação com foco em como os serviços estão preparados para crises sanitárias, observando não apenas pontos da assistência, mas também a qualidade das equipes e o acesso aos insumos. Muitas delas, inclusive, já exigem planos de contingência no caso de catástrofes, epidemias, entre outros.
Conheça agora os sete pilares da qualidade na gestão em Saúde
Pilar 1: Eficácia
O primeiro pilar da qualidade na gestão em saúde é a eficácia, uma dimensão fundamental que se concentra nos resultados tangíveis alcançados pela instituição. Eficácia implica na capacidade de realizar ações e processos que atendam aos objetivos propostos, assegurando que as metas sejam atingidas de maneira satisfatória.
No contexto da saúde, a eficácia torna-se evidente em situações desafiadoras, como destacado no início da pandemia da COVID-19. Os centros hospitalares, inicialmente sobrecarregados, tornaram-se eficazes ao desenvolverem processos de atendimento que possibilitaram lidar efetivamente com o grande volume de pacientes.
“No início da pandemia da Covid-19, por exemplo, os centros hospitalares não estavam sendo eficazes porque não sabiam o que fazer com os pacientes que chegavam aos montes. Só depois, ao desenvolver seus processos de atendimento, é que atingiram esse pilar”, relembra Lazzareschi.
A busca pela eficácia envolve constantes avaliações dos processos, identificando oportunidades de melhoria e ajustes necessários. Isso requer uma abordagem dinâmica, onde a aprendizagem contínua e a adaptação são fundamentais para garantir que a instituição atinja níveis ótimos de eficácia em seus serviços de saúde.
Portanto, o primeiro pilar, eficácia, estabelece as bases para uma gestão em saúde voltada para resultados efetivos, fornecendo alicerces sólidos para as demais dimensões da qualidade.
Pilar 2: Eficiência
O segundo pilar da qualidade na gestão em saúde é a eficiência, uma dimensão que se relaciona diretamente com a otimização dos recursos, buscando realizar tarefas de forma eficaz e econômica. Enquanto a eficácia está centrada nos resultados alcançados, a eficiência está intrinsecamente ligada à relação entre recursos utilizados e resultados obtidos.
Em um contexto prático, a eficiência na gestão em saúde significa alcançar os objetivos pretendidos, minimizando o consumo de tempo, recursos financeiros e materiais. Por exemplo, consideremos duas instituições que realizam um mesmo procedimento, como uma consulta ortopédica.
A eficiência seria alcançada pela instituição que, ao realizar a mesma tarefa, utiliza menos tempo ou custos, sem comprometer a qualidade do serviço prestado.
O conceito de eficiência na gestão em saúde é vital, especialmente em um ambiente onde a demanda por serviços é alta e os recursos são frequentemente limitados. Buscar a eficiência não apenas reduz custos desnecessários, mas também contribui para a oferta de serviços mais acessíveis e sustentáveis.
Assim, o segundo pilar destaca a importância de otimizar os processos internos, promovendo uma gestão mais inteligente e econômica na prestação de serviços de saúde. Essa abordagem não apenas maximiza a utilização dos recursos disponíveis, mas também eleva o padrão de qualidade oferecido à comunidade atendida.
“Se a eficácia leva a um melhor resultado, a eficiência está diretamente relacionada ao custo”, sintetiza Lazzareschi, que completa: “Quase todos que realizam uma tarefa conseguem ser eficazes, mas a eficiência só é atingida quando algo é bem feito, minimizando o gasto de tempo ou custo.”
Para ficar claro o contexto e como todos os pilares de qualidade estão interligados, imagine duas instituições que realizam um mesmo procedimento, como uma consulta ortopédica, mas em uma delas há um aparelho de radiografia à disposição que deixa o diagnóstico do paciente um pouco mais rápido.
Assim, embora as duas instituições sejam eficazes para o resultado — diagnóstico do paciente — a primeira é mais eficiente porque faz a mesma coisa em menos tempo.
Pilar 3: Efetividade
No contexto dos sete pilares da qualidade na gestão em saúde, o terceiro pilar que merece destaque é a efetividade. Esse elemento vai além da eficácia e eficiência, concentrando-se na entrega de serviços de qualidade no menor espaço de tempo possível, garantindo um impacto real e positivo.
A efetividade na gestão em saúde requer uma abordagem estratégica, envolvendo o investimento na identificação e correção de pontos de falha nos processos.
Instituições efetivas são aquelas que não apenas atingem resultados satisfatórios, mas também buscam aprimorar continuamente seus métodos, garantindo uma prestação de serviços alinhada às melhores práticas e padrões de qualidade.
A avaliação da efetividade torna-se crucial em diversas instâncias, como as acreditações, que examinam minuciosamente os registros dos prontuários eletrônicos para verificar aspectos como prescrições corretas realizadas em tempo hábil. Isso evidencia a importância de processos bem delineados e da capacidade de reação diante das necessidades dos pacientes.
Em resumo, o terceiro pilar, efetividade, destaca a necessidade de alcançar resultados reais e tangíveis na prestação de serviços de saúde. A busca incessante por efetividade não apenas fortalece a confiança dos pacientes na instituição, mas também consolida a reputação da gestão em saúde como referência em cuidados eficazes e impactantes.
Ou seja, instituições que são eficazes e eficientes entregam um serviço de qualidade no menor espaço de tempo, o que garante efetividade ao impacto gerado.
“Só é possível falar em efeitos reais quando a instituição investe no mapeamento dos processos e consegue observar bem os pontos de falha para, automaticamente, corrigi-los”, diz o especialista Lazzareschi.
As acreditadoras, por exemplo, se preocupam muito com a efetividade das instituições acreditadas e, para tanto, conferem até mesmo os anais dos prontuários eletrônicos para verificar dados como uma prescrição correta em tempo hábil para a tomada de uma medida a contento.
Pilar 4: Otimização
O quarto pilar crucial na gestão em saúde é a otimização, uma dimensão que se concentra em economizar tempo com atividades desnecessárias e aprimorar o tempo dedicado às tarefas essenciais. No âmbito da qualidade, a otimização visa eliminar processos ineficientes e direcionar esforços para áreas que realmente importam.
Desde as primeiras normas ISO para controle de qualidade nas instituições de saúde, a discussão sobre a padronização de processos tem sido central. Essa padronização não apenas facilita a otimização, mas também contribui para a redução de custos desnecessários, seja em termos de tempo ou recursos financeiros.
A otimização na gestão em saúde está intrinsecamente ligada à eficiência, pois visa a realizar as mesmas tarefas com maior eficácia e menor custo. Ao eliminar redundâncias e simplificar procedimentos, as instituições conseguem aprimorar a qualidade dos serviços prestados, garantindo que os recursos sejam direcionados para áreas prioritárias.
Portanto, o pilar da otimização destaca a importância de repensar e ajustar continuamente os processos internos, alinhando-os aos objetivos de excelência na prestação de serviços de saúde.
A busca constante por eficiência e a eliminação de atividades desnecessárias posicionam a instituição como uma referência em gestão inteligente e focada na qualidade.
“Desde quando surgiram as primeiras ISOs para o controle da qualidade nas instituições, houve uma discussão pela padronização dos processos que também permitiu melhorá-los. Essa otimização tem uma ligação direta com redução de custos desnecessários, seja de tempo ou de dinheiro”, conta Lazzareschi.
Pilar 5: Aceitabilidade
O quinto pilar essencial na gestão em saúde é a aceitabilidade, uma dimensão que coloca em destaque a autonomia do paciente e suas expectativas em relação ao atendimento. Nesse contexto, a qualidade não está apenas associada a resultados clínicos, mas também à satisfação do paciente e à valorização de sua opinião.
A abordagem moderna da assistência à saúde valoriza uma experiência mais humanizada, dando ênfase à participação ativa do paciente em decisões relacionadas ao tratamento.
A aceitabilidade envolve criar um ambiente onde o paciente se sinta respeitado, informado e envolvido no seu próprio cuidado, contribuindo para a eficácia, eficiência e efetividade do prognóstico.
Atualmente, a gestão em saúde reconhece a importância de considerar as expectativas do paciente, convidando-o a compreender melhor e fazer parte das decisões durante o tratamento. Essa abordagem, aliada a práticas que geram eficácia, eficiência e efetividade, proporciona uma aceitação mais abrangente.
Assim, o pilar da aceitabilidade destaca que, para atingir níveis elevados de qualidade assistencial, é essencial considerar a perspectiva do paciente. A gestão em saúde deve estar sintonizada com as expectativas individuais, proporcionando uma experiência positiva que vai além dos resultados clínicos, refletindo no bem-estar geral do paciente.
“Hoje, além de mais humanizada, a assistência valoriza muito a opinião do paciente e de seus familiares, que são convidados a conhecerem melhor e fazerem parte das decisões durante o tratamento. Claro, que tudo isso é feito levando em conta o que vai gerar mais eficácia, eficiência e efetividade ao prognóstico”, explica o professor.
Pilar 6: Legitimidade
O sexto pilar fundamental na gestão em saúde é a legitimidade, uma dimensão que destaca a conquista da confiança e reconhecimento, tanto por parte da equipe interna quanto da sociedade em geral. A legitimidade é alcançada quando a qualidade nos serviços prestados faz da instituição uma referência em seu campo, consolidando sua posição como líder.
A gestão em saúde, ao buscar a legitimidade, direciona suas frentes para atender um perfil específico de atendimento, alinhando-se às melhores práticas e padrões de qualidade.
Isso não apenas fortalece a reputação da instituição, mas também proporciona um ambiente de trabalho mais motivador, onde a equipe se orgulha de fazer parte de uma instituição reconhecida e respeitada.
A legitimidade é uma construção contínua, fundamentada na oferta consistente de serviços de alta qualidade e no compromisso com a melhoria constante. Instituições legitimadas são percebidas como verdadeiras autoridades em suas áreas de atuação, desfrutando de uma reputação sólida e confiável.
Portanto, o pilar da legitimidade destaca que a gestão em saúde não apenas busca oferecer serviços de qualidade, mas também almeja se tornar uma referência respeitável e confiável. A consolidação da credibilidade não apenas eleva o status da instituição, mas também impulsiona a motivação interna, refletindo positivamente na entrega de serviços de excelência.
Lazzareschi destaca que essa é uma forma de os serviços de Saúde direcionarem mais as suas frentes em determinado perfil de atendimento, o que ajuda com que sejam cada vez melhores.
Pilar 7: Equidade
O último pilar, equidade, diz respeito à manutenção da qualidade na prestação do atendimento assistencial para todos os indivíduos, sem distinção de raça, de credo ou socioeconômica.
“Tendo os processos bem desenhados dentro de uma instituição, é possível atingir altos níveis de qualidade assistencial, independentemente se a instituição é privada ou pública”, garante o professor.
A Revolução Tecnológica na Aplicação dos Pilares da Qualidade na Saúde
A implementação bem-sucedida dos sete pilares da qualidade na gestão em saúde é potencializada pelo uso estratégico da tecnologia. A revolução tecnológica tem desempenhado um papel crucial na otimização dos processos e no aprimoramento da assistência, integrando-se de maneira harmoniosa aos fundamentos essenciais.
Abaixo, destacamos como a tecnologia se torna uma aliada eficaz na aplicação desses pilares:
- Eficácia Tecnológica:
- Sistemas de informação avançados e soluções de gestão integrada garantem a eficácia no acompanhamento de pacientes e na execução de processos médicos.
- Eficiência na Automação:
- A automação de tarefas repetitivas e a integração de sistemas reduzem custos e tempo, aumentando a eficiência operacional.
- Efetividade por Meio da Análise de Dados:
- Ferramentas analíticas e big data possibilitam uma avaliação aprofundada de dados clínicos, contribuindo para a efetividade no diagnóstico e tratamento.
- Otimização com Sistemas Integrados:
- A implementação de sistemas integrados de gestão hospitalar otimiza a coordenação entre diferentes departamentos, reduzindo atividades desnecessárias.
- Aceitabilidade Ampliada por Comunicação Digital:
- Canais de comunicação digital entre pacientes e profissionais de saúde fortalecem a aceitabilidade, permitindo maior interação e compreensão das necessidades individuais.
- Legitimidade Através da Transparência Digital:
- Plataformas digitais transparentes, como prontuários eletrônicos, promovem a legitimidade ao garantir o registro preciso e acessível das informações do paciente.
- Equidade na Acessibilidade Digital:
- Tecnologias telehealth e telemedicina contribuem para a equidade, proporcionando acesso a serviços de saúde de qualidade, independentemente da localização geográfica.
A tecnologia não apenas facilita a implementação dos pilares da qualidade, mas também impulsiona a inovação contínua na gestão em saúde. A inteligência artificial, por exemplo, pode ser empregada na identificação proativa de áreas de melhoria, garantindo uma gestão mais preventiva e eficiente.
Em resumo, a adoção inteligente da tecnologia é essencial para alinhar os princípios fundamentais da qualidade com as demandas dinâmicas do cenário de saúde contemporâneo.
Além desses pilares, o especialista ainda destaca que a comunicação mais afinada entre as equipes, aliada ao uso da tecnologia, potencializa o alcance da qualidade.
“A tecnologia permite inúmeras possibilidades ao setor, de reuniões online com os times até o rápido acesso ao resultado de um exame do paciente”, exemplifica Lazzareschi.
Para concluir, o especialista ainda lembra que, na gestão da qualidade, é sempre preciso antecipar ações para evitar o risco dos eventos adversos. Nesse sentido, a tecnologia também se torna uma aliada, com destaque para a inteligência artificial.
“A IA é a grande aposta futura para mapear e eliminar as possíveis causas de um problema, ajudando na contenção de dinheiro desperdiçado com a prevenção”, finaliza.
Comments are closed.