As infecções hospitalares constituem hoje um grave problema de saúde pública no país¹. A infecção hospitalar é toda infecção adquirida durante a internação hospitalar (desde que não incubada previamente à internação) ou então relacionada a algum procedimento realizado no hospital (por exemplo, cirurgias), podendo manifestar-se inclusive após a alta². Atualmente, o termo infecção hospitalar tem sido substituído por Infecção Relacionada à Assistência à Saúde (IRAS)². Essa mudança abrange não só a infecção adquirida no hospital, mas também aquela relacionada a procedimentos feitos em ambulatório, durante cuidados domiciliares e à infecção ocupacional adquirida por profissionais de saúde (médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, entre outros)².
Fatores de risco
Entre os fatores de risco para aquisição de uma infecção hospitalar está, obviamente, a necessidade de um indivíduo ser submetido a uma internação ou a um procedimento de saúde². A ocorrência de uma infecção dependerá principalmente da relação de desequilíbrio entre três fatores: a condição clínica do paciente, a virulência e introdução dos micro-organismos e fatores relacionados à hospitalização (procedimentos invasivos, condições do ambiente e atuação do profissional de saúde)².
Em relação ao paciente, várias condições estão associadas a um maior risco de ocorrência de infecção². Entre elas estão condições como extremos de idade (recém-nascidos e idosos); duração da internação; diabetes mellitus, que compromete os processos de cicatrização tecidual; doenças vasculares, que comprometam a oxigenação adequada de tecidos; alterações da consciência, que interferem com os mecanismos fisiológicos da deglutição; estados de imunossupressão, sejam inatos ou adquiridos pelo uso de medicações (corticoide e quimioterapia)². A virulência é característica do próprio germe, determinada geneticamente e principalmente selecionada de acordo com o uso correto ou não dos antibióticos4. A introdução dos microorganismos e fatores relacionados a hospitalização dependem da exposição do paciente a procedimentos invasivos (passagem de cateter venoso central, intubação e ventilação mecânica, por exemplo), assim como a manejo excessivo e por muitos profissionais ou visitantes, que inadvertidamente podem usar dispositivos médicos (como termômetros) contaminados, ou estar com as mãos e vestimentas pouco higienizadas4.
Prevenção
Prevenir as infecções hospitalares e as IRAS envolve diversos segmentos, como a gestão de qualidade e recursos para garantia de estrutura de trabalho, como atenção à higiene, formação de profissionais de saúde e pessoal, conhecimento constante das mudanças dos agentes infecciosos, que levam ao crescente aumento do risco de infecção, associado a avanços nos cuidados médicos e pacientes cada vez mais vulneráveis³. E, tão importante quanto, a cooperação e ajuda de pacientes e suas famílias e amigos³.
Ações que envolvam a lavagem das mãos, dos ambientes de limpeza e esterilização de instrumentos são as melhores formas de prevenir infecções hospitalares³. Porém, sabe-se que não é tão simples assim, pois requer de todos os envolvidos, profissionais de saúde ou não, um compromisso em manter um ambiente seguro para paciente, trabalhadores e familiares³. A inobservância de princípios básicos do controle das infecções hospitalares pode ter consequências drásticas¹. Assim, é importante ter profissionais conscientes, trabalhando em equipe, respeitando cada um dentro de suas funções, atualizando-se com frequência e com capacidade de auto avaliarem-se¹.
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